O mundo está numa crise permanente, mas nós vamos nos adaptar. Passamos por catástrofes como guerras, enchentes, invasão hacker e tantas outras. Mas, do jeito que se comportam há milênios, as pessoas se adaptam à instabilidade alternando entre quatro reações de resposta: lutar, voar, focar e deletar. Este é o diagnóstico feito pela Accenture em seu estudo anual “Accenture Life Trends 2023”.
Segundo pesquisa da Harvard Business Review Analytic Services, feita com mais de 300 executivos da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México, 90% dos gestores indicou que iria aumentar seus investimentos nesse segmento em 2023.
A pesquisa abordou diferentes eixos, incluindo o impacto nos negócios das tecnologias emergentes, quais as tecnologias mais adotadas e com quais objetivos são implementadas. Impulsadas por uma sólida infraestrutura digital e uma maturidade digital no comportamento do consumidor, cada vez mais os negócios estão adotando estas tecnologias.
O que são Tecnologias Emergentes?
São inovações que, por mais que já estejam sendo utilizadas em certos setores, ainda não estão totalmente disseminadas pela população, entretanto possuem potencial para transformar o mercado no futuro próximo. Essa definição do Distrito sintetiza o que são, de fato.
Bom, agora vamos colocar a mão na massa! Para facilitar a sua vida, separei a condução deste conteúdo no formato ‘receita prática’, e com uma leitura dinâmica, extensa e prática, você saberá como as tecnologias emergentes irão mudar o seu futuro profissional, e também pessoal.
5 tendências que irão alterar a dinâmica de poder entre marcas e clientes
No intuito de organizar estes conceitos e trazê-los para a nossa realidade prática, busquei enriquecer o embasamento técnico com outro material riquíssimo conduzido pelo Future Today Institute: “Tech Trends 2023 executive summary”. Sua CEO, Amy Webb, é uma futurista respeitada e professora de previsão estratégica na Stern School of Business da Universidade de Nova York.
Tendência 1: eu vou sobreviver
Seres humanos… Não adianta, podemos estar no caos completo, o sentimento de que “vai dar certo” sempre aparece. Seja amparado por reza, simpatia ou desespero velado, buscamos um fôlego onde talvez nem exista oxigênio. Esta tendência se ampara em 4 verticais:
- Lutar: As pessoas vão se posicionar cada vez mais contra injustiças
- Voar: As pessoas vão buscar opções alternativas
- Focar: As pessoas vão se concentrar naquilo que puderem controlar
- Deletar: As pessoas vão se desligar daquilo que não lhes agradar
Esta dinâmica está cada vez mais presente no mercado, e observamos movimentos de inúmeras marcas sendo impactadas por posicionamento claro e intenso dos consumidores.
Um exemplo disso está no primeiro prejuízo de 724 milhões de euros sofrido pela adidas em mais de 3 décadas no ano passado. Isso ocorreu após sua separação comercial de extremo sucesso com o artista Kanye West, depois que ele fez uma série de comentários antissemitas.
Tendência 2: eu acredito
Constituir uma comunidade será essencial para nutrir uma base de clientes. Em um mundo instável, as pessoas procuram lugares onde se sintam acolhidas. Como resultado, as marcas da próxima geração serão constituídas como comunidades em primeiro lugar, redefinindo a lealdade das pessoas e sua participação na evolução da marca. 3 linhas convergem para esse modelo:
- Comunidade de pertencimento, em plataformas como Reddit, Discord e Twitch
- Seleção por token, com acesso exclusivo reservado “apenas para portadores de tokens”
- Itens colecionáveis, como artes digitais, autógrafos, cards colecionáveis, entre outros
Em abril de 2022 um consórcio de empresários americanos e investidores da web3 sem experiência anterior em futebol resolveu se aventurar e comprar o modesto Crawley Town FC. Paralelo ao movimento de negociações de NFTs, o grupo que conta com figuras como o influenciador Gary Vaynerchuk (Gary V) e Daryl Morey, presidente do Philadelphia 76ers, não conseguiu transferir seu conhecimento da gestão de ativos digitais para o campo. A torcida ficou irada com os movimentos!
Tendência 3: como era antes
O formato de workplace ainda não atendeu às expectativas de uma nova força de trabalho. Todos sentiram a perda dos benefícios intangíveis do escritório, como possibilitar encontros e permitir orientação próxima e consistente de jovens talentos. Agora, as consequências da perda estão ficando claras. Sem o engajamento ao vivo, as empresas tendem a perder mentoria, inovação, cultura e inclusão.
Em vez de continuar otimizando o que já existe, as empresas deverão reimaginar completamente o modelo, atentando de forma objetiva tanto para as questões tangíveis quanto para as intangíveis.
Tendência 4: ok, criatividade
A IA está se tornando o copiloto das pessoas para a criatividade. Enquanto a inteligência artificial tem sido amplamente usada pelas empresas e marcas como um serviço para as pessoas ou sobre as pessoas, as redes neurais têm sido amplamente disponibilizadas para criação de linguagem, imagens e música – colocando a IA diretamente nas mãos das pessoas como uma ferramenta para a criatividade. Desenvolvimento e avanços chegam ao mercado numa velocidade estonteante.
“(…) embora a IA tenha o potencial de mudar o mundo para melhor, e a medicina é uma das grandes beneficiárias da tecnologia, também pode ser perigosa se não for desenvolvida com cuidado.”
Greg Brockman – co-fundador e presidente – OpenAI
Como você pode ver, até os grandes expoentes do movimento no mundo indicam receios e cuidados muito necessários. O potencial desta tecnologia vem para aumentar a performance da capacidade humana, e não substituí-la, por mais que este seja o ponto de análise em massa do momento.
Tendência 5: assinado, selado e entregue
Carteiras digitais poderiam encerrar a crise de identidade digital. O uso (e o mau uso) de dados pessoais há muito pede uma transformação. Transparência e confiança em experiências de marca online vêm se deteriorando rapidamente. 86% das pessoas se preocupam cada vez mais com a privacidade de seus dados.
“Oferecer uma solução de identidade de uma forma que o consumidor médio possa usar é o santo graal da adoção da identidade digital”
David Schwartz – co-fundador – Polygon ID
Quantas senhas você guarda na sua memória? Quase nada, não é?! E possivelmente você usa uma colinha em papel, ou no e-mail, ou em um grupo individual de whats. Quando o telefone oferece a leitura facial ficamos muito aliviados. Agora imagina um novo momento, onde isso nem será uma preocupação.
O que devemos esperar?
A revolução é muito mais do que digital. Os resultados serão diferentes de tudo o que já vimos, devido às mudanças nas atitudes e à maturação da tecnologia. E esse processo está acontecendo a cada dia, há anos. Muitas vezes imperceptível, ele nos impacta de forma direta e indireta. Desde a interação possível com o seu carro, até uma rotina em que a Alexa interage tanto quanto a sua panela ou ar condicionado.
Não tenha receio e medo. Não deixe de explorar as possibilidades. Saiba que seus filhos, sobrinhos, netos… Todos estarão inseridos em um contexto onde coisas que jamais pensamos existir serão ‘ultrapassados’. Repense o hoje, e especialmente, abra sua mente para estas novas possibilidades. Com as suas possibilidades e riscos, teremos um futuro sendo escrito a cada dia. Relaxe que um minuto ainda tem 60 segundos. Ainda!
Artigo da Gama, escrito por Bernardo Krebs